FILI D'AQUILONE
rivista d'immagini, idee e Poesia
Numero 2
aprile/giugno 2006

Cuore d'Africa

BREVE ANTOLOGIA POETICA DI LÊDO IVO

a cura di Vera Lúcia de Oliveira


Copertina di Illuminazioni

da Illuminazioni


AS FERRAGENS

Em Maceió, nas lojas de ferragens,
a noite chega ainda com o sol claro
nas ruas ardentes. Mais uma vez o silêncio
virá incomodar os alagoanos. O escorpião
reclamará um refúgio no mundo desolado.
E o amor se abrirá como se abrem as conchas
nos terraços do mar, entre os sargaços.
Nas prateleiras, os utensílios estremecem
quando as portas se cerram com estridor.
Chaves-de-fenda, porcas, parafusos,
o que fecha e o que abre se reúnem
como uma promessa de constelação. E só então é noite
nas ruas de Maceió.


LE FERRAMENTA

A Maceió, nei negozi di ferramenta,
la notte arriva che il sole è ancora chiaro
nelle strade ardenti. Un'altra volta il silenzio
verrà a turbare gli alagoanos. Lo scorpione
invocherà un rifugio nel mondo desolato.
E l'amore si aprirà come si aprono le conchiglie
nelle secche marine, fra i sargassi.
Negli scaffali, gli utensili sussultano
quando le porte si chiudono stridendo.
Cacciaviti, dadi, viti,
ciò che chiude e ciò che apre si riunisce
come un promessa di costellazione. E solo allora è notte
nelle strade di Maceió.

***
NOSSA SENHORA DA CORRENTE

Só Deus e os morcegos habitam
a Igreja de Nossa Senhora da Corrente.
O espírito invisível paira entre os altares
roídos e o vento de Penedo
cega lentamente os olhos dos santos
que os turistas e antiquários não conseguiram roubar.
Deus é barroco. Deus é como os morcegos:
voando à noite entre os espaços estrelados
procura chupar o sangue dos homens
que enegrecem o dia com os seus pecados.

Na abóboda da igreja que o rio às vezes invade
os morcegos escondem o céu alegórico
eternamente sonegado aos pecadores.
O céu negro dos homens! Sob o soalho avariado
os ratos se inclinam à Presença eucarística.
E Nossa Senhora da Corrente, padroeira dos ratos e morcegos,
entre flores de papel e velas fedorentas
compartilha da solidão divina.
Ó Mãe dos homens, que sorri radiosa em seu abandono
como a minha própria mãe, rogai por mim!


MADONNA DELLA CATENA

Solo Dio e i pipistrelli abitano
la Chiesa della Madonna della Catena.
Lo spirito invisibile aleggia fra gli altari
corrosi e il vento di Penedo
acceca lentamente gli occhi dei santi
che turisti e antiquari non sono riusciti a rubare.
Dio è barocco. Dio è come i pipistrelli:
essi volando di notte fra gli spazzi stellati
cercano di succhiare il sangue degli uomini
che offuscano il giorno con i loro peccati.

Nella cupola della chiesa che il fiume talvolta invade
i pipistrelli nascondono il cielo allegorico
eternamente sottratto ai peccatori.
Il cielo nero degli uomini! Sotto il pavimento tarlato
i toppi si chinano alla Presenza eucaristica.
E la Madonna della Catena, patrona dei topi e dei pipistrelli,
fra fiori di carta e candele puzzolenti
condivide la solitudine divina.
O Madre degli uomini, che sorridi radiosa nel tuo abbandono
come mia madre, prega per noi!

***
OS MORCEGOS

Os morcegos se escondem entre as cornijas
da alfândega. Mas onde se escondem os homens,
que contudo voam a vida inteira no escuro,
chocando-se contra as paredes brancas do amor?

A casa de nosso pai era cheia de morcegos
pendentes, como luminárias, dos velhos caibros
que sustentavam o telhado ameaçado pelas chuvas.
"Estes filhos chupam o nosso sangue", suspirava meu pai.

Que homem jogará a primeira pedra nesse mamífero
que, como ele, se nutre do sangue dos outros bichos
(meu irmão! meu irmão!) e, comunitário, exige
o suor do semelhante mesmo na escuridão?

No halo de um seio jovem como a noite
esconde-se o homem; na paina de seu travesseiro, na luz do farol
o homem guarda as moedas douradas de seu amor.
Mas o morcego, dormindo como um pêndulo, só guarda o dia ofendido.

Ao morrer, nosso pai nos deixou (a mim e a meus oito irmãos)
a sua casa onde à noite chovia pelas telhas quebradas.
Levantamos a hipoteca e conservamos os morcegos.
E entre as nossas paredes eles se debatem: cegos como nós.


I PIPISTRELLI

I pipistrelli si nascondono fra i cornicioni
del casolare. Ma dove si nascondono gli uomini,
che volano tutta la vita nel buio,
cozzando contro i muri bianchi dell'amore?

La casa di nostro padre era piena di pipistrelli
pendenti, come lampadari, dalle vecchie travi
che sostenevano il tetto minacciato dalle piogge.
"Questi figli succhiano il nostro sangue", sospirava mio padre.

Quale uomo scaglierà il primo sasso su questo mammifero
che, come lui, si nutre del sangue degli altri animali
(fratello mio! fratello mio!) e, comunitario, esige
il sudore dei suoi simili anche nell'oscurità?

Nell'alone di un seno giovane come la notte
si nasconde l'uomo; nel cotone del suo cuscino, alla luce della lanterna
l'uomo custodisce le monete dorate del suo amore.
Ma il pipistrello, dormendo come un pendolo, custodisce solo il giorno offeso.

Quando morì, nostro padre ci lasciò (a me e ai miei otto fratelli)
la casa dove di notte pioveva fra le tegole rotte.
Estinguemmo l'ipoteca e conservammo i pipistrelli.
E fra le nostre pareti loro si dibattono: ciechi come noi.

***
AS NECESSIDADES

Uma porta fechada não é suficiente para que o homem
esconda o seu amor. Ele também necessita de uma porta aberta
para poder partir e se perder na multidão quando esse amor explodir
como o barril de pólvora no arsenal alcançado pelo raio.
Um telhado não basta para que o homem se proteja
do calor e da tempestde. Para fugir ao relâmpago
ele precisa de um corpo estendido na cama
e ao alcance de sua mão ainda temerosa
de avançar no escuro quando a chuva cai no silêncio do mundo aberto como uma fruta
entre dois estrondos.
Na noite que declina, no dia que nasce,
o homem precisa de tudo: do amor e do raio.


LE NECESSITÀ

Una porta chiusa non è sufficiente perché un uomo
nasconda il suo amore. Egli necessita anche di una porta aperta
per poter partire e perdersi nella folla quando questo amore esploderà
come un barile di polvere nell'arsenale raggiunto dal fulmine.
Un tetto non basta perché un uomo sia protetto
dal calore e dalla tempesta. Per sfuggire al lampo
egli necessita di un corpo steso nel letto
e a portata della sua mano ancora timorosa
di avanzare nel buio quando la pioggia cade nel silenzio del mondo aperto come un frutto
fra due tuoni.
Nella notte che declina, nel giorno che nasce,
l'uomo ha bisogno di tutto: dell'amore e del fulmine.

***
OS POBRES NA ESTAÇÃO RODOVIÁRIA

Os pobres viajam. Na estação rodoviária
eles alteiam os pescoços como gansos para olhar
os letreiros dos ônibus. E seus olhares
são de quem teme perder alguma coisa:
a mala que gaurda um rádio de pilha e um casaco
que tem a cor do frio num dia sem sonhos,
o sanduíche de mortadela no fundo da sacola,
e o sol de subúrbio e poeira além dos viadutos.
Entre o rumor dos alto-falantes e o arquejo dos ônibus
eles temem perder a própria viagem
escondida na névoa dos horários.
Os que dormitam nos bancos acordam assustados,
embora os pesadelos sejam um privilégio
dos que abastecem os ouvidos e o tédio dos psicanalistas
em consultórios assépticos como o algodão que tapa o nariz dos mortos.
Nas filas os pobres assumem um ar grave
que une temor, impaciência e submissão.
Como os pobres são grotescos! E como os seus odores
nos incomodam mesmo à distância!
E não têm a noção das conveniências, não sabem portar-se em público.
O dedo sujo de nicotina esfrega o olho irritado
que do sonho reteve apenas a remela.
Do seio caído e túrgido um filete de leite
escorre para a pequena boca habituada ao choro.
Na plataforma eles vão e vêm, saltam e seguram malas e embrulhos,
fazem perguntas descabidas nos guichês, sussurram palavras misteriosas
e contemplam as capas das revistas com o ar espantado
de quem não sabe o caminho do salão da vida.
Por que esse ir e vir? E essas roupas espalhafatosas,
esses amarelos de azeite de dendê que doem na vista delicada
do viajante abrigado a suportar tantos cheiros incômodos,
e esses vermelhos contundentes de feira e mafuá?
Os pobres não sabem viajar nem sabem vestir-se.
Tampouco sabem morar: não tem noção do conforto
embora alguns deles possuam até televisão.
Na verdade os pobres não sabem nem morrer.
(Têm quase sempre uma morte feia e deselegante.)
E em qualquer lugar do mundo eles incomodam,
viajantes importunos que ocupam os nossos lugares
mesmo quando estamos sentados e eles viajam em pé.


I POVERI ALLA STAZIONE DEGLI AUTOBUS

I poveri viaggiano. Alla stazione degli autobus
allungano il collo come anatre per guardare
le insegne degli autobus. E i loro sguardi
sono di chi ha paura di perdere qualcosa:
la valigia che custodisce una radio a pile e un giaccone
che ha il colore del freddo in un giorno senza sogni,
il panino di mortadella in fondo alla borsa,
e il sole di suburbio e polvere oltre i viadotti.
Fra il rumore degli altoparlanti e l'ansare degli autobus
temono di perdere il proprio passaggio
nascosto nella nebbia degli orari.
Quelli che sonnecchiano nelle panche si svegliano spaventati,
sebbene gli incubi siano un privilegio
di coloro che riempiono le orecchie e il tedio degli psicanalisti
in studi asettici come il cotone che chiude il naso dei morti.
Nelle file i poveri assumono un'aria grave
che unisce timore, impazienza e sottomissione.
Come sono grotteschi i poveri! E come i loro odori
ci infastidiscono anche da lontano!
E non hanno la nozione delle convenienze, non sanno stare in pubblico.
Il dito sporco di nicotina strofina l'occhio irritato
che del sogno ha trattenuto solo la cispa.
Dal seno cadente e turgido un filo di latte
scorre in una piccola bocca abituata al pianto.
Nella piattaforma degli autobus vanno e vengono, scavalcano e stringono valigie e pacchi,
fanno domande inopportune agli sportelli, sussurrano parole misteriose
e contemplano le copertine delle riviste con l'aria stupita
di chi non sa la strada del bel salone della vita.
Perché questo andare e venire? E questi vestiti stridenti,
questi gialli di olio di dendê1 che fanno male agli occhi delicati
del viaggiatore obbligato a sopportare tanti odori fastidiosi,
e questi rossi contundenti di mercatini e fiere?
I poveri non sanno viaggiare né sanno vestirsi.
Tanto meno sanno abitare: non hanno la nozione del comfort
sebbene alcuni di loro possiedano persino la televisione.
In realtà i poveri non sanno neppure morire.
(Quasi sempre hanno una morte brutta e inelegante.)
E in qualsiasi parte del mondo danno fastidio,
viaggiatori importuni che occupano i nostri posti
anche quando siamo seduti e loro viaggiano in piedi.

1L'olio di dendê è estratto dal frutto della palma

***
O CATA-VENTO

Eu me escondia atrás das persianas. E o dia fechava os olhos como as jovens suicidas em seus leitos de mormaço. Nos meus sonhos as pedras imperturbáveis feriam os dedos de quem tentasse tocá-las. E eu circulava entre a duna e o mar, no espaço não atingido pelo bolor da vida.

Menino, eu caminhava ao lado de minha eternidade e de sua ferida gotejava a morte. Na minha cidade natal, entre homens vestidos de branco e cães cegos e leprosos que acompanhavam docemente os mendigos, o mar me interrogava. E eu soletrava o dia que rangia como um cata-vento.


IL MULINO A VENTO

Io mi nascondevo dietro le persiane. E il giorno chiudeva gli occhi come le giovani suicide nei loro letti di afa. Nei miei sogni le pietre imperturbabili ferivano le dita di chi provava a sfiorarle. E io circolavo fra la duna e il mare, nello spazio non raggiunto dalla muffa della vita.

Bambino, io camminavo accanto alla mia eternità e dalla sua ferita sgocciolava la morte. Nella mia città natale, fra uomini vestiti di bianco e cani ciechi e lebbrosi che accompagnavano dolcemente i mendicanti, il mare mi interrogava. E io sillabavo il giorno che cigolava come un mulino a vento.

***
ASILO SANTA LEOPOLDINA

Todos os dias volto a Maceió.
Chego nos navios desaparecidos, nos trens sedentos, nos aviões cegos que só aterrizam ao anoitecer
Nos coretos das praças brancas passeiam caranguejos.
Entre as pedras das ruas escorrem rios de açúcar
fluindo docemente dos sacos armazenados nos trapiches
e clareiam o sangue velho dos assassinados.
Assim que desembarco tomo o caminho do hospício.
Na cidade em que meus ancestrais repousam em cemitérios marinhos
só os loucos de minha infância continuam vivos e à minha espera.
Todos me reconhecem e me saúdam com grunhidos
e gestos obscenos ou espalhafatosos.
Perto, no quartel, a cornetra que chia
separa o pôr-do-sol da noite estrelada.
Os loucos langorosos dançam e cantam entre as grades.
Aleluia! Aleluia! Além da piedade
a ordem do mundo fulge como uma espada.
E o vento do mar oceano enche os meus olhos de lágrimas.


ASILO SANTA LEOPOLDINA

Tutti i giorni ritorno a Maceió.
Arrivo sulle navi scomparse, sui treni assetati, sugli aerei ciechi che atterrano solo all'imbrunire.
Nei chiostri delle piazze bianche passeggiano granchi.
Fra le pietre delle strade scorrono fiumi di zucchero
che fluiscono dolcemente dai sacchi immagazzinati del porto
e rischiarano il sangue vecchio degli assassinati.
Appena sbarco prendo la strada del manicomio.
Nella città in cui i miei antenati riposano in cimiteri marini
solo i matti della mia infanzia sono vivi e mi aspettano.
Tutti mi riconoscono e mi salutano con grugniti
e gesti osceni o rumorosi.
Vicino, nella caserma, la tromba che stride
separa il tramonto dalla notte stellata.
Languidi i matti danzano e cantano fra le inferriate.
Alleluia! Alleluia! Oltre la pietà
l'ordine del mondo risplende come una spada.
E il vento del mare oceano riempie i miei occhi di lacrime.

***
O OUTONO EM PARIS

Eis o outono das putas e mendigos.
Nos parques os amantes estremecem
como se fosse a noite que viesse
separar suas mãos entrelaçadas.

Eis o outono dos seres sem abrigo,
das folhas amarelas que se espalham
nas frias alamedas, eis o vento
que corta o dia como uma navalha.

Eis o outono assassino nas esquinas,
com seu andar moroso e a neblina
que mata velhos cães entediados.

Eis o outono final que encerra tudo.
Depois virá a morte, e o lábio mudo
levará, em segredo, as estações.


L'AUTUNNO A PARIGI

Ecco l'autunno di puttane e mendicanti.
Nei parchi gli amanti tremano
come se fosse la notte che venisse
a separare le loro mani intrecciate.

Ecco l'autunno degli esseri senza riparo,
delle foglie gialle che si spagliano
nei freddi viali, ecco il vento
che taglia il giorno come un coltello.

Ecco l'autunno assassino negli incroci,
con il suo lento avanzare e la nebbia
che uccide vecchi e cani annoiati.

Ecco l'autunno finale che chiude tutto.
Dopo verrà la morte, e il labbro muto
porterà via, in segreto, le stagioni.




Testi inediti


O QUE ELA É

Poesia é memória:
a lata de lixo
do guardião de escórias.


CHE COSA LEI È

Poesia è memorie:
il secchio di spazzatura
del guardiano di scorie

***
O DIA DOS HOMENS

Viver é preciso.
Não existe Inferno
nem Paraíso.

Apenas o chão.
E uma persistente
chuva de verão.


IL GIORNO DEGLI UOMINI

Vivere è necessario.
Non esiste Inferno
né Cielo.

Solo la terra.
E una persistente
pioggia d'estate.

***
ANO-NOVO

Como os homens são loquazes!
E sua estridência sobe ao céu
que se desfolha em luz e rajada.
Na beira da praia, o Ano-novo nasce entre fetiches brancos
e brancas sombras estrepitosas que se movem na areia
até que amanheça e o dia seja
a nuvem que passa.

Certa mão habituada à incerteza
tenta mais uma vez atingir o coração da matéria:
o veio onde o mistério da vida
lateja na sombra como uma galáxia.
Embora o amanhã cante na voz das sereias
sabemos que algo nos foi arrebatado
e jamais nos será devolvido.


ANNO-NUOVO

Come gli uomini sono loquaci!
E il loro stridore sale al cielo
che si sfoglia in luce e folate.
Sul bordo della spiaggia, l'Anno Nuovo nasce fra feticci bianchi
e bianche ombre strepitose che si muovono sulla sabbia
finché albeggi e il giorno sia
la nuvola che passa.

Una certa mano abituata all'incertezza
tenta un'altra volta di raggiungere il cuore della materia:
la vena dove il mistero della vita
palpita nell'ombra come una galassia.
Sebbene il domani canti nella voce delle sirene
sappiamo che qualcosa ci è stata strappata
e mai più ci sarà restituita.

***
ESTAÇÃO FINAL

O silêncio das garças adormecidas no pântano
o silêncio das larvas em sua muda fervilhação
o silêncio dos gaviões que sobrevoam os pastos
o branco silêncio dos caracóis na manhã raiante
o silêncio do musgo e do lodo, da pedra e do orvalho,
o silêncio dos lábios calados para sempre.


STAGIONE FINALE

Il silenzio degli aironi addormentati nello stagno
il silenzio delle larve nel loro muto brulichio
il silenzio degli sparvieri che sorvolano i pascoli
il bianco silenzio delle lumaca nel mattino nascente
Il silenzio del muschio e del fango, della pietra e della rugiada,
il silenzio delle labbra chiuse per sempre.


Lêdo Ivo LÊDO IVO

Lêdo Ivo è nato a Maceió, Alagoas, nel 1924. Ha avuto la sua prima formazione letteraria a Recife e dal 1943 vive a Rio de Janeiro. Il suo esordio letterario è del 1944, con As imaginações (Le immaginazioni), libro di poesie al quale seguirono altre ventidue raccolte. Oltre alla poesia, Lêdo Ivo si dedica anche alla prosa. Il suo primo romanzo, As alianças (Le alleanze), del 1947, conquista un importante premio nazionale. Pubblica altri quattro romanzi, una raccolta di racconti, Use a passagem subterrânea (Utilizzare il sottopassaggio), e due testi per l'infanzia, O menino da noite (Il bambino della notte) e O canário azul (Il canarino azzurro). Tra i saggi figurano Ladrão de flor (Ladro di fiori), O universo poético de Raul Pompéia (L'universo poetico di Raul Pompéia), Poesia observada (Poesia osservata), Teoria e celebração (Teoria e celebrazione), A ética da aventura (L'etica dell'avventura) e A república de desilusão (La repubblica della delusione). Come memorialista, ha pubblicato Confissões de um poeta (Confessioni di un poeta) e O aluno relapso (L'alunno svogliato). Lêdo Ivo ha ricevuto numerosi e importanti premi. Nel 1990 è stato eletto Intellettuale dell'anno in Brasile. Le sue opere di poesia e prosa sono state tradotte e pubblicate in vari paesi, fra i quali Inghilterra, Danimarca, Stati Uniti, Messico, Perù, Spagna, Olanda e Venezuela. È membro dell'Accademia Brasiliana di Lettere dal 1986.
La poesia di Lêdo Ivo è pervasa da influssi della terra natia, il Nordest brasiliano, soprattutto la sua Maceió, città portuale, capitale dello Stato di Alagoas, dove ha vissuto per molti anni e dove sembra ogni volta ritornare, alla ricerca delle immagini che lo hanno segnato. La luce intensa del Nordest delinea con nitore i contorni di esseri e cose, nel loro dolore e nella loro fragilità: navi abbandonate nel porto, cani randagi, mendicanti, pazzi del manicomio cittadino, gabbiani, granchi, formiche, molluschi, angeli scrostati delle piccole chiese di periferia. È questo l'universo apparentemente irrilevante e marginale che pare interessarlo e non le spiagge invase dai turisti, i luoghi alla moda, la frenesia di chi cerca divertimenti ad ogni costo, di chi (anche molti turisti italiani) visitano quelle terre del Brasile senza cercare sintonia con una cultura, una lingua, una storia che per il poeta sono l'humus della sua opera.
Di Lêdo Ivo è stata pubblicata in Italia l'antologia Illuminazioni, a cura di Vera Lúcia de Oliveira (Multimedia Edizioni, Salerno, 2001) dalla quale si sono scelti qui alcuni testi, accanto ad altri inediti, tradotti proprio per questo numero di Fili d'aquilone.

 

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